Confusão, bombas e tiros marcam venda dos últimos ingressos para Fla x Grêmio
Policiais usam a força para tentar coibir tentativas de invasão e de roubo de ingressos no Maracanã,. Primeiro da fila diz que pensou 'que ia morrer'
Aproximadamente 20 minutos antes da abertura das bilheterias, às 7h, houve tumulto causado pelo grande número de pessoas que tentava furar a fila. Para contê-los, os policiais jogaram bombas de efeito moral e spray de pimenta, causando grande correria.
Mas para muitos rubro-negros, ter o bilhete nas mãos não significou o fim dos problemas. Nas imediações do estádio, houve tentativa de assaltos, com marginais tentando roubar as entradas. Novamente, a PM teve de agir.
Segundo estimativa de policiais, de 15 mil a 17 mil pessoas estiveram na imensa fila, de cerca de 1,5 km de extensão, da bilheteria 8 até a estátua do Bellini, na Avenida Maracanã.
Os ingressos acabaram por volta das 8h45m. Quinze minutos antes, policiais voltaram a soltar bombas de efeito moral e dispararam tiros de borracha para desfazer a fila de torcedores, para os quais não restariam ingressos.
Dezoito bilheterias venderam os cerca de 5 mil ingressos devolvidos pela diretoria do Grêmio. Cada torcedor só teve direito a adquirir duas entradas.
Torcedores enfrentam dificuldades, mas dizem que esforço valeu a pena
Primeiro torcedor na imensa fila que se formou no Maracanã, o estudante Vicente Koester disse que pensou "que ia morrer" durante a confusão na manhã desta quarta-feira no estádio.
- Achei que ia morrer. Não conseguia respirar com o spray de pimenta. Se não tivesse água na mochila, não sei o que teria acontecido - disse.
O jovem de 18 anos, que chegou ao estádio na manhã de segunda-feira, temia assaltos nas imediações do estádio.
- Tem gente roubando (ingresso). Vai ser difícil chegar em casa.
Apesar das dificuldades que enfrentou, Vicente não se arrependeu de passar duas noites na fila.
- Vale todo esse esforço para ver o Flamengo ser campeão.
Também no primeiro grupo que saiu com lugar garantido para a partida de domingo estava o vendedor Tiago Gonçalves, 25 anos, morador de Caxias (Baixada Fluminense). Ele disse que estava na fila desde segunda-feira, ao meio-dia, e que ficou acampado durante todo esse tempo:
- Foi muito sofrimento, nunca pensei em fazer isso na minha vida, mas valeu. Mesmo com a polícia estourando bomba. Estou dois dias sem tomar banho e com um cheiro horrível. A primeira coisa que quero fazer agora é entrar debaixo de um chuveiro.
Outro que chegou na fila na segunda-feira, mas às 13h30m, foi o estudante de engenharia Marcelo Ferreira, de 21 anos, morador de Vila Isabel, bairro vizinho ao estádio. Ele comprou dois ingressos (um para o irmão) e disse que passou o tempo todo praticamente à base de biscoito e água, comprados dos ambulantes que foram para o local. Marcelo afirmou que gastou mais dinheiro se alimentando do que com as entradas.
- O mais difícil foi de segunda para terça, porque eu estava com muita fome e não tinha muito o que comer. A gente também não sabia direito como seria essa venda de ingresso, por isso pensei em desistir. Mas o amor pelo Flamengo falou mais alto - afirmou.
Apesar de todos os problemas, os torcedores se mostraram muito animados e confiantes na conquista do título brasileiro pelo Flamengo no domingo. A venda de ingressos seria realizada apenas na quinta-feira, mas foi antecipada, por questão de segurança, a pedido da Polícia Militar. Afinal, o Fluminense disputa a final da Copa Sul-Americana nesta quarta-feira à noite, e o encontro entre torcedores do Flamengo e tricolores poderia gerar problemas ainda maiores.
Fonte: globo.com
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